quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

0800 - Circular Não Pago

0800 – Circular Não Pago
15 de Fevereiro de 2012


1 – A situação do transporte coletivo, a mais de duas décadas privatizado, não apresenta novidades. Pelo 12º ano consecutivo os empresários propõem um aumento tarifário. A prefeitura, durante o mesmo tempo, atende aos interesses da burguesia e se coloca contra os 7 milhões de trabalhadores que todo dia dependem do sistema de transporte coletivo. Em 2000, a tarifa custava 0,90 centavos, e em 2012 a proposta oficial é que a mesma passe a custar R$2,52. Um aumento de mais de 150% em doze anos. Sem nenhuma novidade, os argumentos são os mesmos, e falsos. Cria-se um “jogo” de culpa entre governo, empresários e população, onde quem sai perdendo de verdade é o povo trabalhador. A mídia não ajuda, apenas noticiam alguns fatos e não discute a fundo o tema. Vereadores e deputados, mudos. E os órgãos fiscalizadores? Onde estão e o que fazem? Mais do que uma conjuntura, existe uma estrutura articulada entre poder econômico, político e cultural que demonstra a dificuldade dessa luta, mas também sua importância se, de fato, quisermos transformações profundas na cidade de Aracaju e Grande Aracaju.

2 – Ocorre que esta análise não pode excluir os segmentos da população que se mobilizam para resistir a este processo. O Movimento Não Pago surge dentro desse contexto como principal articulador da luta em defesa do transporte coletivo realmente público, gratuito e de qualidade. Desde o início de 2011 temos nos organizado para discutir e atuar politicamente nessa luta. Na próxima quinta-feira estaremos realizando em conjunto com a Frente em Defesa do Transporte o 5º Ato Público #contraoaumento para R$2,52. Iremos cobrar dos vereadores o cumprimento da lei orgânica, que obriga que o aumento da passagem deva passar por meio de votação pela Câmara Municipal de Vereadores de Aracaju. Protocolamos uma representação sobre as ilegalidades do transporte coletivo junto ao Ministério Público. Temos feito um trabalho constante de conscientização e debate com a população. Estamos buscando todos os meios legais e “ditos” democráticos, porém fingem não nos escutar. Mas a paciência tem limites. Ainda não foi divulgado um dos nossos principais pedidos: Qual o lucro mensal e anual das empresas de transporte coletivo em Aracaju e Grande Aracaju? Com essa resposta poderemos ter a plena certeza de que o aumento da tarifa tem sido para aumentar os lucros dos empresários e não para dar conta das gratuidades, salário dos rodoviários, tributos e impostos ou qualquer outra desculpa alegada pelos “patrões”. Não acreditamos nas dificuldades financeiras dos empresários, pois são eles os financiadores de grandes eventos como o Pré-Caju e Forró Caju. O dinheiro na verdade parece estar sobrando.

3 – Reafirmamos que a luta não para por conta do aumento da passagem. Apesar daqueles que negam a importância de ir para as ruas protestar, sabemos que não temos como esperar por ninguém, senão por nós mesmos. O exemplo de Teresina foi sintomático, 30 mil pessoas ocuparam as ruas e a prefeitura teve que recuar e não aumentar o preço da passagem. A realidade mostra que muitas pessoas estão indignadas, mas não transformam esse sentimento em disposição para ir às ruas. As entidades sindicais, estudantis, partidos de esquerda, movimentos sociais tem muita importância neste processo de mobilização. A nossa luta teria muito mais visibilidade e força se determinados grupos estivessem presentes. Sentimos falta do SINTESE, do MST, dos DCE’s das universidades, e de tantos outros setores que seriam fundamentais em todo esse processo. Fazemos essa crítica porque acreditamos na possibilidade de construirmos ações unitárias.

4 – Estamos reivindicando uma série de pautas, dentre as quais destacamos: a) uma audiência pública envolvendo a SMTT, SETRANSP e Movimento Não Pago, que seja aberta a toda população; b) melhoria imediata na qualidade do transporte com reformas nos terminais, reconstrução dos abrigos, aumento real no salário de cobradores e motoristas, ônibus novos e limpos, etc.; c) congelamento imediato da tarifa; d) participação popular no processo licitatório e na construção do plano de mobilidade urbana; e) cumprimento da lei orgânica para que o aumento seja discutido pela câmara de vereadores. A concepção do transporte coletivo que defendemos é diferente desta que está colocada. Transporte não pode ser mercadoria explorada pelas empresas, mas sim um direito, tal qual saúde e educação, e que seja público, gratuito e de qualidade. Pensamos que essa é a perspectiva.

5 – Esperamos sinceramente que a prefeitura não se precipite e aumente a passagem logo após o carnaval. Em ano de eleição, estamos ainda mais atentos. E o desafio continua lançado: Empresários, Prefeito, SMTT e autoridades de uma forma geral estão convidadas a andar de ônibus em Aracaju e Grande Aracaju no horário de “pico” e aproveitar o “carinho” e a “qualidade de vida” ofertada para a maioria do povo.

“ô Edvaldo almofadinha, eu quero ver você andar no Tijuquinha!”
www.movnaopago.blogspot.com

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