terça-feira, 12 de março de 2013

Setransp foge do debate e "Não Pago" denúncia irregularidades da planilha na Câmara de Vereadores

Na tarde dessa segunda-feira (11/03) ocorreu na Câmara de Vereadores de Aracaju uma Sessão Especial para discutir sobre o transporte coletivo de Aracaju e o reajuste na tarifa de ônibus. Foram convidados o representante da Frente em defesa do Transporte Público, o Superintendente da SMTT e o Superintendente do Setransp. No entanto, apenas as duas primeiras entidades compareceram.

Em sua argumentação o representante da Frente e membro do Movimento Não Pago, Demétrio Varjão, fez um retrato da situação caótica que se encontra o transporte coletivo na Grande Aracaju, destacando as dificuldades sofridas tanto pelos usuários como pelos motoristas e cobradores. Segundo ele “O Sistema de transporte coletivo de Aracaju é completamente falido. Mas é falido apenas para os usuários e trabalhadores rodoviários, porque para os empresários ele é bastante lucrativo”.

O membro do Movimento Não Pago também afirmou que a SMTT não vem cumprindo o seu papel de fiscalização dos ônibus irregulares, permitindo que as empresas de ônibus prestem um serviço de péssima qualidade, e que mesmo aumentando a tarifa anualmente, o serviço vem piorando cada vez mais.

Ao fim de sua explanação, Demétrio Varjão destacou a análise feita pelo Movimento Não Pago e que revelou várias irregularidades na planilha de custos elaborada pelo Setransp. “Eles incluem na tarifa custos que não existem como salários de cobradores em micro-ônibus, sendo que este tipo de veículo só tem um motorista fazendo as duas funções. Incluem custos com câmaras de ar e protetores de câmara, sendo que a frota de ônibus se utiliza de pneus com tecnologia sem câmara e sem protetor. Além disso, os preços dos insumos alegados pelo Setransp estão muito acima do menor valor de mercado”. Destacou também que se custos forem revisados, a tarifa, ao invés de ser majorada, deve ser reduzida para R$ 1,82. “Esse é o valor real da tarifa de ônibus da Grande Aracaju, e é lamentável que nenhum representante das empresas de ônibus tenha comparecido para esclarecer essas questões”.

Ele também propôs que a Câmara de Vereadores, ao analisar a proposta de reajuste, levasse em consideração a análise feita pelo movimento, propondo também a realização de uma auditoria sobre os custos alegados pelo Setransp, e a abertura de uma CPI para apurar todas essas questões.

Já o Superintendente da SMTT, Nelson Felipe, afirmou que o órgão já realizou um estudo sobre o reajuste da tarifa, e que enviaria a proposta ao prefeito João Alves Filho. No estudo da SMTT foi feita uma análise legalista, levado em consideração apenas o cálculo tarifário como é estabelecido pela lei municipal 1765 de 1991. Sobre a não fiscalização dos ônibus irregulares por parte da SMTT, o superintendente destacou que isso se torna inviabilizado porque as empresas não tem contrato legal com a administração pública, não operam com licitação, fato que impede que o órgão exerça seu papel fiscalizador e multe ou apreenda os veículos irregulares.

Em resposta, o membro do Movimento Não Pago lamentou que a SMTT tenha realizado o cálculo da tarifa antes do debate promovido pela Câmara de Vereadores, onde foram discutidas inúmeras irregularidades da planilha. Também ressaltou que ao mesmo tempo em que órgão diz agir obedecendo a lei do reajuste tarifa, uma lei completamente defasada e que permite ao Setransp incluir custos que não existem e fixar valores sobrevalorizados dos insumos, a SMTT não cumpre a lei que lhe obriga a fiscalizar as empresas de ônibus, multar e apreender os veículos irregulares que tantos transtornos causam aos usuários. “O que nos parece é que a lei, mesmo tão defasada, só é aplicada em benefício das empresas de ônibus. Quando para beneficiar a população e os usuários do transporte coletivo, a SMTT não cumpre a lei que lhe obriga a fiscalizar a frota”.

Apesar desse debate na Câmara de Vereadores representar um grande avanço para a discussão sobre o sistema de transporte coletivo da Grande Aracaju, o Movimento Não Pago, junto à Frente em defesa do Transporte Público, continuará levando essa questão às ruas, fortalecendo a mobilização popular, para que a tarifa seja reduzida e os direitos de todos os usuários e trabalhadores rodoviários sejam garantidos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário