segunda-feira, 20 de maio de 2013

NOTA OFICIAL SOBRE A LUTA CONTRA O AUMENTO DA PASSAGEM E A PRISÃO DE MANIFESTANTES


O Movimento Não Pago torna pública sua posição acerca dos últimos acontecimentos envolvendo a luta contra o aumento da passagem de ônibus na Grande Aracaju e a prisão de sete manifestantes na sexta-feira, 17 de maio de 2013.

Inicialmente é necessário reforçar que o movimento surgiu em 2011 por conta da indignação de usuários do transporte coletivo por conta das péssimas condições do sistema de transporte local. São mais de 20 anos de descaso das empresas, do poder público e da justiça com a população trabalhadora de Aracaju, Barra dos Coqueiros, São Cristóvão e Nossa Senhora do Socorro.

O movimento é composto por trabalhadores, estudantes, desempregados, oriundos de diferentes regiões da grande Aracaju, que andam de ônibus, carro e bicicleta. É, portanto, bastante representativo, plural e democrático tanto em sua composição quanto nas suas ações. Desde o começo nos pautamos pelo diálogo com a população, pela busca de informações oficias e estudos técnicos, pelo diálogo com motoristas e cobradores, pela procura das autoridades públicas e também por manifestações de rua.

Nesses três anos temos contribuído com a denúncia de irregularidades, busca de soluções para o transporte e ampliação do debate da mobilidade urbana. Em 2012 a passagem de ônibus foi congelada pela pressão popular que fizemos em conjunto com sindicatos, movimentos e partidos políticos e recentemente foi assinado um TAC – Termo de Ajuste de Conduta entre o Ministério Público e a prefeitura, obrigando a renovação da frota de ônibus a cada três meses após representação que o Movimento Não Pago deu entrada em janeiro de 2012 no Ministério Público Estadual.

A manifestação de sexta-feira, dois dias após a validação do aumento pela prefeitura, fazia parte da semana de lutas contra o aumento, que teve atos na segunda e também na quarta. O protesto já havia encerrado quando a policia militar agrediu e prendeu militantes de forma truculenta e arbitrária. Na semana anterior a guarda municipal havia lançado spray de pimenta no rosto dos manifestantes que tentaram entrar na câmara de vereadores. Foi uma atitude extremamente desnecessária e que serviu apenas para criminalizar e perseguir os trabalhadores e estudantes que estão lutando contra o ilegal e injusto aumento da passagem de ônibus, com o objetivo de intimidar manifestações populares e desviar o foco do verdadeiro problema.

Além dos policiais da Radio Patrulha que estava sem identificação nas fardas, o que é proibido por lei, foi acionada a tropa de choque. A polícia machucou diversas pessoas, inclusive estudantes secundaristas de menor e um dos carros da polícia arrancou com força atingindo em cheio um dos manifestantes. Ainda fecharam a Rua de Laranjeiras e até mesmo o acesso da imprensa ficou prejudicado por muito tempo. Do lado de dentro da delegacia os policiais esbravejavam para os manifestantes: “Agora vocês vão nos respeitar! Aqui é o Estado!”. O rosto dos manifestantes foi filmado e o advogado do movimento desrespeitado. Diante destes lamentáveis fatos estamos tomando as providências jurídicas necessárias para evitar novos abusos da polícia, bem como uma ação popular para revogação do aumento da passagem.

Repudiamos qualquer tentativa de ameaça e perseguição aos manifestantes do movimento. O direito de realizar manifestações é assegurado pela lei. Repudiamos a truculência da guarda municipal e da polícia militar. Repudiamos o prefeito João Alves e os dezesseis vereadores que votaram a favor do aumento. Repudiamos o SETRANSP e todo esse sistema de transporte falido para o povo e lucrativo para os empresários. Estamos a disposição de esclarecimentos. A luta continua!


Movimento Não Pago, 20 de maio de 2013


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